domingo, 28 de novembro de 2010

Camuflagem...

Óptica é o estudo dos fenômenos relacionados à luz. Ela explica como ocorrem os fenômenos da reflexão, refração e difração. Essa parte da física é muito utilizada em nosso dia-a-dia, desde o uso dos óculos até o uso dos mais eficientes e sofisticados equipamentos de pesquisas científicas como, por exemplo, os aparelhos de telescópio e microscópio. Mas, além disso, a óptica serve para nos divertirmos um pouco com nossa imaginação; as ilusões de óptica.
Ilusões de óptica são imagens que enganam nosso cérebro, deixando nosso inconsciente confuso por alguns instantes e fazendo com que este capte ideias falsas e preencha espaços vazios. Podem ser fisiológicas quando surgem naturalmente ou cognitivas quando se cria com artifícios visuais.
A gravura acima nos mostra um exemplo de ilusão de óptica. Mas as ilusões não existem apenas entre nós humanos; quem as usa desde tempos remotos são outros seres e, ao contrário de nós, que brincamos com a Física, eles a usam como sistema de defesa ou caça. Estamos falando de Zoologia.
A Zoologia estuda desde os animais mais primitivos até os mais complexos e, em todos os filos, a grande maioria possui um sistema de ilusão óptica, conhecida como camuflagem. Serve tanto para enganar as presas quanto predadores em situações de emergência.
O peixe falcão xadrez, em Nova Guiné, é um ótimo exemplo. Ele nada sempre perto dos corais gorgonianos e se mistura a eles, enganando uma possível presa que passe por perto.
Quem nunca tomou um susto ao se deparar com um "galho de árvore que anda"? Pois é, o bicho pau sempre nos prega essa peça, adaptando-se ao ambiente para distrair os predadores e até a gente mesmo.
Não poderia deixar de falar também sobre o rei dos disfarces da natureza, o camaleão. Ele é capaz de mudar de cor a qualquer momento, independente do ambiente em que estiver; está sempre acompanhando as tendências da moda ambiental, podemos assim dizer.
Mas afinal, como ocorre a camuflagem dos animais? Bom, a explicação é a adaptação ao ambiente de acordo com a necessidade, isto é, com situações de mudanças radicais, como um novo predador sem competição, que promove a adaptação e, futuramente, a evolução das espécies predadas. Eles produzem pigmentos na pele, os quais promovem esta camuflagem no ambiente, adquirindo suas cores. Havendo sucesso, os pigmentos são passados através de gerações, havendo cruzamento entre um ser adaptado e outro não adaptado e, assim, tornam-se características genéticas dos filhotes. Esses pigmentos produzem cores quimicamente e essas cores são capazes de refletir ou absorver a luz. A camuflagem se dá quando os comprimentos de onda visíveis combinados são refletidos pelo pigmento. E estes pigmentos, no caso de répteis, peixes e anfíbios, estão em células especializadas, chamadas cromatóforos.
No caso dos mamíferos e das aves, principalmente os que vivem nos pólos, sua camuflagem varia de acordo com a estação do ano. Os ursos e raposas polares possuem uma pelagem mais escura na estação quente e branca na estação fria... Pelo menos é assim que nós e as presas os veem. O que acontece na verdade é que eles não produzem pigmentos químicos como o camaleão ou outros insetos. Os mamíferos possuem pelos translúcidos, que refletem e espalham a luz visível agindo como prismas, dando a impressão de pelagem branca, que se confunde com a neve.
Penas e pelos em animais são como cabelos e unhas dos humanos - são, na verdade, tecido morto. Estão presos ao animal, mas como não estão vivos, o animal não pode fazer nada para alterar sua composição. Consequentemente, um pássaro ou um mamífero tem que produzir uma pelagem ou penas completamente novas para mudar de cor. Isso ocorre de acordo com a estação, conforme foi dito anteriormente.
Além disso, para combinar com a cor do fundo, alguns animais têm desenhos distintos em seus corpos que servem para ocultá-los. Primeiro, eles podem mudar o padrão do "modelo", o fundo do meio ambiente do animal. Por exemplo, animais que habitam áreas de grama alta, vertical, freqüentemente têm listras longas e verticais. Segundo, eles podem servir como transtornos visuais. Normalmente, os padrões são posicionados "fora de linha" como os contornos do corpo. Isso quer dizer que o padrão parece ser um desenho separado e sobreposto em cima do animal. Isto dificulta ao predador obter um senso claro de onde o animal começa e onde ele termina - o padrão do corpo parece correr em todas as direções.
Esta coloração fragmentada é particularmente eficaz quando os animais de determinada espécie estão agrupados. Para um leão, um rebanho de zebras não parece um bando de animais individuais, mas sim como uma massa grande e listrada. As listras verticais parecem todas correr juntas, tornando difícil para um leão perseguir e atacar uma zebra em especial. As listras também podem ajudar uma zebra sozinha a se esconder em áreas de grama alta. Como os leões são insensíveis a cores, não importa que a zebra e o meio ambiente ao redor sejam de cores completamente diferentes.
Desenvolvendo uma certa aparência, uma espécie de animal faz dela mesma um alvo de difícil reconhecimento para predadores e para furtivos caçadores de presas. Em diferentes áreas do mundo todo, são vistos todos os tipos de variações e combinações dos elementos básicos de camuflagem. Como as espécies de animais evoluem, elas tornam-se mais e mais harmonizadas com o seu meio ambiente. Freqüentemente, estes tipos de adaptações são ferramentas de sobrevivência mais eficazes que as armas de defesa mais agressivas de um animal (dentes, garras, bicos). Afinal, passar inteiramente desapercebido por um predador é preferível a ter de começar uma luta.



segunda-feira, 4 de outubro de 2010

"Um estudo sugere que a concha dos caracois, que os protegem de ataques de predadores submarinos, poderia fornecer pistas para o desenvolvimento de uma armadura mais qualificada para proteger os soldados humanos. A pesquisa, realizada com o Crysomallon squamiferum (um caracol conhecido em inglês como “scaly-foot”), registrou que este molusco é o único animal a possuir sulfetos de ferro em seu material estrutural. As informações são do site científico Live Science.A espécie rara, relatada pela primeira vez em 2003, vive no ambiente hostil em uma profundidade hidrotermal no oceano Índico. Como outros moluscos, ele também ostenda um escudo que cobre o corpo. A proteção é tão eficiente que o seu principal predador, o caranguejo, tem grandes dificuldades para espremer a casca e se alimentar.
Para avaliar como a concha é projetada para resistir a tamanho esmagamento, os pesquisadores examinaram a estrutura da casca em uma nanoescala. Ela é composta por três camadas: uma externa e dura, que contêm sulfetos de ferrom; uma camada mais flexível, formada por materiais orgânicos; e uma camada interna rígida, com uma grande quantidade de cálcios minerais. Essa estrutura resistente, segundo os pesquisadores, é uma exclusividade do Crysomallon squamiferum."
"Segundo Ortiz, a estrutura de proteção dos caracois pode inspirar futuramente o desenvolvimento de equipamentos para a proteção do ser humano, como por exemplo uma armadura. “As três camadas poderiam dar estabilidade à armadura e resistência à penetração”, disse. No entanto, qualquer biodesigner provavelmente não irá utilizar os mesmos materiais que compõem a casca do caracol, que também possui falhas próprias. “Os cientistas simplesmente poderiam utilizá-la como um guia e criar em cima dessas deficiências das conchas”, completou Ortiz."
Essas foram as notícias que vi durante simpósio que fui na UFRJ e, confesso, fiquei admirada com tamanha eficácia da evolução bem diante de mim... E, ao mesmo tempo, fiquei chocada ao descobrir que a primeira coisa que se passou na cabeça dos cientistas foi fazer uma armadura para os soldados continuarem na guerra!
Gostaria de saber porque tudo que a natureza utiliza como caráter evolutivo o ser humano pega e usa para provocar mais matanças por aí...
Estava conversando com meu namorado sobre isso e ele me disse que é da guerra que saem novas conquistas para salvar a vida humana. Admito que muita coisa que antes era usada em guerras hoje em dia são brinquedos de criança e nem acreditammos que algum dia aquilo foi capaz de matar alguém, mas a guerra é algo que vai além da minha compreensão. Sou bióloga, defendo não só a vida da natureza como também a humana, que faz parte dessa natureza, mesmo que não queira admitir e guerra é contra todos os preceitos que aprendi...
Gostaria apenas que a Humanidade fosse mais amável e que as descobertas evolutivas fossem utilizada penas para o bem, e não como armas. Se todos pensassem assim, ou pelo menos a maioria influente, não haveria violência e a vida iria prosperar, tanto entre os humanos, quanto em todo o planeta...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

II Simpósio em Genética e Evolução da UFRJ


   Este foi meu primeiro simpósio e, devo dizer, foi muito legal. Fiz uma nova amiga logo no primeiro dia lá naquela mega universidade. Não desmereço a minha pequena UNIRIO, mas tenho que admitir a grandiosidade da Cidade Universitária...
   Fiquei boba com a quantidade de prédios novos e outros ainda em construção que há por lá. A Petrobrás faz tanta coisa que vocês nem imaginam... É a cidade do futuro...
   Mas voltando ao simpósio, as palestras foram de ótima qualidade, os palestrantes eram muito simpáticos e a organização também!
   Algo que pude perceber é que: quanto mais títulos você tem, mais desarrumado você anda! =) É verdade! Muitos eram doutores que estudaram fora, outros estavam com passagens marcadas pro Canadá pra apresentar outro trabalho, muito inteligentes, mas esquecem de como se apresentar em público. Fiquei boba quando vi um dos mais renomados cientistas da área do genoma de arroz, com títulos de tudo quanto era país, calçando um tênis prata com abóbora, camisa vermelha, calça jeans surrada e cinto social... Tinha outra professora cujo cabelo não penteava... Enfim, acho que o tempo pra estudar toma tanto a vida dessas pessoas que não dá muito tempo pra prestar atenção na moda, né? 
   Não fiquei boba apenas com o estilo dos palestrantes, fiquei mais ainda com seus trabalhos... Um deles, falando sobre Evolução e Biodiversidade (Prof. Mário de Pinna), me deixou abismada com o artigo super novo, literalmente acabando de sair do forno, falando sobre a influência do toxoplasma na cultura humana... Essa parte eu vou fazer uma outra postagem só com ela, pois me interessei e vou pesquisar mais a respeito... Na palestra seguinte aprendi em mais um artigo recém saído do forno, que nosso corpo possui 10 vezes mais células microbianas do que nossas!
   Aprendi também que a hepatite não tem apenas 3 tipos, mas 6! E pior, todo mundo tem, independente de onde vá. Até no dentista a gente consegue algo do tipo. Aprendi que as gramíneas possuem genes obesos e anorexos... Com “A Dança Cósmica de Shiva” de Fernando Fernendez ri bastante e descobri que todo professor possui dois tipos de tempo... E foi também uma boa apresentação sobre a evolução; descobri que grandes catástrofes são periódicas e que a próxima talvez seja daqui a 15 milhões de anos...
   O que não gostei foi que a legislação é muito chata pra liberar nossas pesquisas e que a mesma lei que me autoriza é a que me aprisiona em um beco sem saída... E que até pra conseguir uma autorização preciso, literalmente, de uma chave dicotômica do código ambiental...
   Foi útil até pra licenciatura, pois descobri que posso fazer grandes descobertas em livros didáticos e, pior, que as editoras são piores que políticos quando se trata de dinheiro...
   No final teve sorteio de livros e, advinha, ganhei um livro de Paleontologia editado pelo prof. Ismar de Souza Carvalho, um dos meus preferidos... =)
   Esse foi o resumo da minha fantástica semana na UFRJ e, quem sabe, a primeira de muitas outras...
Bjs!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010


  Os quelônios constituem uma ordem de répteis (Chelonia ou Testudinata) que têm o corpo encaixado num casco formado de uma parte dorsal e convexa (a carapaça) e outra, ventral e plana (o plastrão). Pertencem à subclasse dos anapsídeos e compreendem espécies aquáticas, semi-aquáticas e terrestres que vivem geralmente nas regiões mais quentes do mundo. Tartarugas, cágados e jabutis representam essa ordem, que inclui mais de 300 espécies, classificadas em 12 famílias.
  Em alguns cágados, a carapaça não se constitui de uma peça inteiriça, mas sua parte posterior se articula com a anterior, o que permite ao animal encolher o casco e aproximar do plastrão a extremidade posterior. O casco tem arcabouço ósseo e deixa livres a cabeça, os membros e a cauda, em geral retráteis.
Entre os quelônios da fauna brasileira encontram-se as tartarugas-do-mar, as tartarugas-da-amazônia, os jabutis, os tracajás, os matamatás e os muçuãs.
As "tartarugas" de terra são denominadas de Jabuti.  Em lugar de dentes, elas dispõem de maxilas com bordas cortantes, afiadas ou serrilhadas.
  O jabuti atinge no máximo 70 cm de comprimento. Habita as matas desde o Espírito Santo até a Amazônia, ao norte, e Paraguai, ao sul. Na seca, esconde-se entre a folhagem e o húmus; na época de chuva alimenta-se de frutas caídas. A fêmea, chamada jabota, é maior que o macho, e avermelhada.
  As tartarugas das Galápagos (Testudo elephantopus) podem superar os 185 anos de vida, porém, isso é uma questão de sorte, pois a maioria não ultrapassa os 50 anos. As tartaruguinhas terrestres são comercializadas no Brasil ainda muito pequenas, e essa comercialização é ilegal.
  Na respiração, difere-se dos demais répteis, porque o desenvolvimento da carapaça redundou na fixação das costelas. Respira através do movimento de distensão e compressão da cabeça e membros, para dentro e fora da carapaça.
  As espécies marinhas contam com um aparelho respiratório auxiliar: tem na boca, uma enorme quantidade de vasos sangüíneos, que absorvem o oxigênio dissolvido na água. Isso e bons pulmões dão-lhe capacidade de imersão por várias horas.
  As espécies terrestres (maior número) vivem em climas tropicais, no inverno cavam o terreno e entram em letargo. As marinhas estão distribuídas por todos os mares quentes, podem percorrer longas distâncias, pois seus membros desempenham a função de nadadeiras, e possuem bom sentido de orientação. A alimentação de ambas é variada; são vegetarianas, carnívoras ou onívoras.
  Todas as tartarugas são cobiçadas pelo homem, que aproveita desde sua carne (na Amazônia substitui a carne de boi), até as placas imbricadas da couraça.
  A Dermochelys coriacea, tartaruga gigante, chega a ter mais de 2 metros de comprimento e meia tonelada de peso.
  A couraça é achatada e acinzentada. As patas são compridas, em forma de nadadeiras, são cobertas de pele e desprovidas de unhas. A tartaruga marinha gigante alimenta-se de moluscos, algas, crustáceos e carne.
  As tartarugas marinhas arrastam-se pela praia até um lugar livre de marés. Ali cavam a areia (60 cm de profundidade por 1 metro de diâmetro), e enterram seus ovos (de uma a duas centenas de ovos por vez). São ovos esféricos ou elípticos, elas tapam o buraco, alisam a areia e voltam para o mar. Depois de uma quinzena renovam a operação, mais ou menos no mesmo lugar. O sol se encarrega de incubar os ovos. As tartarugas terrestres (jabutis), e de água doce (cágados), fazem o mesmo nas margens do rio e pântanos, ou entre as folhagens. Depois de três meses, nascem as tartaruguinhas, com 6 cm. Logo quando nascem, as tartarugas marinhas correm logo para o mar.
  Em alguns países, tanto o ovo de tartaruga como a carne são consumidos pelo ser humano. A caça da tartaruga ou o uso desses animais como animal de estimação vem contribuindo para o desaparecimento de muitas espécies.